Hoje estava almoçando em um desses restaurantes self-service da vida. Enquanto degustava com prazer um prato cuidadosamente montado, fitei um rapaz mais ou menos da minha idade (audácia minha, às 35 primaveras, enquadrar-me na categoria "rapaz", mas enfim), duas mesas à frente, já terminando sua refeição. Este estava transversalmente sentado em relação à mim; sendo assim, em um primeiro momento, só o observei de perfil.
Restaurantes e demais locais de frenético trânsito de pessoas são um prato cheio àqueles que, como eu, gostam de observar o ser humano. Enquanto mirava o cara em questão, estando este de perfil, rascunhei um desenho de seu rosto em minha mente. Qual não foi minha surpresa quando o dito levantou para ir embora, e pude finalmente ver seu rosto por completo, apenas para perceber que ele não parecia nada, absolutamente nada, com o que eu havia imaginado. Aí peguei-me refletindo sobre quantas vezes não fazemos isso no nosso dia a dia. Não apenas no sentido físico, mas em todas as searas do convívio com os outros.
Você tem um colega de trabalho com fama de "filho-da-p**a". Todos dizem que "sicrano é um CDF, não perdoa nada". É uma pessoa de perfil rígido. A partir de uma característica, desabam rótulos em cima do seu colega, e uma impressão draconiana estabelece-se. Aí você divide uma tarefa com esse colega, e descobre uma pessoa doce, atenciosa, que tão somente tem olhar clínico e detalhado em tudo o que faz. E que sabe ser assertiva quando cabe, e franca quando necessário.
Aí você está interessado naquele "boy magia", mas já te cantaram a bola: ele não sai da balada. Dança sexta e sábado até o sol raiar. Perfil: boêmio. Conclusão (apressada): não vale a pena, deve pegar geral. Mas tem aquela pulguinha sapateando atrás de sua orelha, e você dá uma chance ao gato. E o gato acaba por fazer você ronronar, mostrando-lhe ser um romântico à antiga, que apenas curte a noite. Uma coisa não exclui a outra.
Perfis e primeiras-impressões, apesar de conceitualmente serem coisas diferentes, estão virando uma coisa só. Até pela celeridade e, em grande parte, efemeridade de tudo o que se preza hoje. Positiva ou negativamente, nos deixamos convencer pelo primeiro retrato. As redes sociais estão aí para endossar essa tendência: cada vez mais nos esforçamos para provar algo através de uma imagem e/ou um post impactante. Criar um perfil que nos...venda. Mas não paramos, calma e serenamente, para observar e para conhecer a fundo aqueles que cruzam nosso caminho; como podemos exigir o mesmo dos outros? Mora aí a razão de tantos desencontros nas relações humanas, hoje em dia.
Perfis existem, fazem-se necessários em contextos específicos. Mas são apenas uma face de nossos ricos universos. Observe, e permita-se ser observado, em 360 graus. De dentro para fora, de fora para dentro. Onde brilham as estrelas e onde há ausência de luz. Às vezes, aquilo que ninguém vê num primeiro momento, é onde melhor pode se perceber alguém, é de onde vem o que de mais belo há em cada um.
Restaurantes e demais locais de frenético trânsito de pessoas são um prato cheio àqueles que, como eu, gostam de observar o ser humano. Enquanto mirava o cara em questão, estando este de perfil, rascunhei um desenho de seu rosto em minha mente. Qual não foi minha surpresa quando o dito levantou para ir embora, e pude finalmente ver seu rosto por completo, apenas para perceber que ele não parecia nada, absolutamente nada, com o que eu havia imaginado. Aí peguei-me refletindo sobre quantas vezes não fazemos isso no nosso dia a dia. Não apenas no sentido físico, mas em todas as searas do convívio com os outros.
Você tem um colega de trabalho com fama de "filho-da-p**a". Todos dizem que "sicrano é um CDF, não perdoa nada". É uma pessoa de perfil rígido. A partir de uma característica, desabam rótulos em cima do seu colega, e uma impressão draconiana estabelece-se. Aí você divide uma tarefa com esse colega, e descobre uma pessoa doce, atenciosa, que tão somente tem olhar clínico e detalhado em tudo o que faz. E que sabe ser assertiva quando cabe, e franca quando necessário.
Aí você está interessado naquele "boy magia", mas já te cantaram a bola: ele não sai da balada. Dança sexta e sábado até o sol raiar. Perfil: boêmio. Conclusão (apressada): não vale a pena, deve pegar geral. Mas tem aquela pulguinha sapateando atrás de sua orelha, e você dá uma chance ao gato. E o gato acaba por fazer você ronronar, mostrando-lhe ser um romântico à antiga, que apenas curte a noite. Uma coisa não exclui a outra.
Perfis e primeiras-impressões, apesar de conceitualmente serem coisas diferentes, estão virando uma coisa só. Até pela celeridade e, em grande parte, efemeridade de tudo o que se preza hoje. Positiva ou negativamente, nos deixamos convencer pelo primeiro retrato. As redes sociais estão aí para endossar essa tendência: cada vez mais nos esforçamos para provar algo através de uma imagem e/ou um post impactante. Criar um perfil que nos...venda. Mas não paramos, calma e serenamente, para observar e para conhecer a fundo aqueles que cruzam nosso caminho; como podemos exigir o mesmo dos outros? Mora aí a razão de tantos desencontros nas relações humanas, hoje em dia.
Perfis existem, fazem-se necessários em contextos específicos. Mas são apenas uma face de nossos ricos universos. Observe, e permita-se ser observado, em 360 graus. De dentro para fora, de fora para dentro. Onde brilham as estrelas e onde há ausência de luz. Às vezes, aquilo que ninguém vê num primeiro momento, é onde melhor pode se perceber alguém, é de onde vem o que de mais belo há em cada um.